domingo, 31 de janeiro de 2010

Fado, porque é preciso

Fado... meu vagabundo de rua

Não sei que vida é a tua que andas armado em senhor
Fado... tu gostas é de algazarra
Dum xaile, duma guitarra, das patuscadas do amor

Ser fadista... ser um fadista de raça
É enfrentar a ameaça, é uma graça que Deus nos deu
Ser fadista... é o destino que chora
Nascido na mesma hora em que o fadista nasceu
Ser fadista... é dar a mão á saudade
Que anda a chorar p'la cidade, é ser pobre com altivez
Ser fadista... é destino que se perdoa
Oração á fé de Lisboa, ser fadista é ser português

Fado... há uma voz que te chama
P'rás vielas de má fama onde o fado já morou
Fado... paras á porta da vida
Onde uma mulher perdida p'ra não chorar, te cantou



Porque o fado é a minha grande paixão, porque é absolutamente extraordinário. Porque todos os dias, aconteça o que acontecer, ele está lá para me lembrar que alguém um dia sobreviveu a barreiras bem piores do que as minhas, agarrada a ele.

Porque amo Amália, a grande mulher do nosso país, fumadora inveterada, que chegava sempre cedo aos espectáculos e bebia chá aos litros; a Amália que rezou para amar alguém e adormecia com os filmes do Fred Astaire; a Amália que gravava discos numa ou duas noites e gostava do queijo da Beira Baixa, com cheiro intenso; a Amália que nunca tirou a carta de condução e arrancava flores do jardim de outras casas; a Amália que detestava palavrões e queria ter tido uma roça em África.

Como ela própria disse pela primeira vez um dia,
"Que Estranha Forma De Vida, tem este meu coração"

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