quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

This Letter

Escrever para alguém é como aprender a desenhar. Riscam-se as primeiras palavras, deixa-se fugir aquilo que não devia fugir, aquilo que devia ficar preso entre os dedos... E vamos pela cidade, talvez embevecidos, deambulantes, até encantados por aquilo que fica, que se torna roxo em vez de cor-de-rosa nas nossas cabeças. E vem uma vontade alucinante de dar a mão, de jurar que nunca mais volto a pintar assim; amar é como pintar um desenho imperfeito pela primeira vez, saímos tantas vezes do risco com o lápis vermelho que já nem sabemos o que estava desenhado por baixo.
Hoje sinto-me assim, sem saber desenhar, sem me saber pintar a mim própria, uma descoberta de traços indefinidos, perdidos ou nem por isso, entalados na minha forma de ser e de te saber, porque éramos mais Domingos ou não, semana inteira, de olhos fechados, qual sorriso logo de manhã, bom dia desgastado sem brilho.
E nisto a janela quase nos deixa entrar já que não há portas, já que fomos fechados em passados amarelecidos pelo tempo. Mas continuamos aqui, prontos para tudo menos para abrir os olhos, cansados de parar de pensar, fartos de corações apertados e lágrimas nos lábios, mas sempre, sempre, com um sorriso de bom dia, prontos para abrir o guarda-chuva.




If I ever write this letter
the pages I could write
But I don't know where to send it
you have vanished
heaven knows where you live
Heaven only knows

Sem comentários: